Author : Manuela Rosa, ESG lead Portugal, CGI
As temáticas em torno da diversidade, equidade e inclusão (DEI) estão cada vez mais presentes na sociedade e, consequentemente, tendem a ser questões cada vez mais debatidas e uma preocupação crescente nas empresas. Dentro do “chapéu” do DEI, a paridade de género é uma das questões fundamentais e um dos maiores desafios na área das TIC. A igualdade entre mulheres e homens é um princípio fundamental da Constituição da República, sendo a sua promoção uma tarefa que deve estar na prioridade do Estado, mas também de todos os intervenientes na sociedade que o constitui.
Concretamente na questão do género, ainda que estejamos a assistir a uma evolução enquanto sociedade – em 2021 atingimos o nº mais elevado de mulheres diplomadas na área das TIC em Portugal, com 1638 mulheres diplomadas (PORDATA), passando agora a barreira dos 20%, considerando o total de diplomados na área –, os homens continuam a marcar uma presença muito mais notória no setor. Segundo dados do Eurostat, em 2020, os homens representavam 81% das pessoas empregadas no setor, em Portugal, sendo apenas 19% mulheres.
Nas áreas de STEM (Science, Technology, Engineering and Mathematics), criar um ambiente inclusivo passa, em grande parte, por promover iniciativas direcionadas às mulheres. São necessárias medidas que promovam a sinergia entre géneros, através de programas de mentoria e planos de carreira personalizados e ajustados a cada perfil.
Uma empresa que se assuma inclusiva deve ter bem presente que o compromisso para com a diversidade, equidade e inclusão deve refletir-se em tudo o faz, nas iniciativas em que participa e na forma como lida com os colaboradores e os capacita, sem quaisquer barreiras nem preconceitos. As organizações têm a responsabilidade de promover iniciativas que contribuam para o desenvolvimento pessoal e profissional dos seus colaboradores, sem quaisquer limitações de género, idade, etnia, fomentando desta forma o talento e potenciando as capacidades individuais.
Hoje, o desafio das DEI passa sobretudo por um desafio de liderança: liderar com o objetivo de ser uma empresa reconhecida pelos seus valores no ecossistema empresarial, dentro e fora de fronteiras; liderar de forma a contribuir de forma positiva para o trabalho de cada um, sem limitações ao nível do género, etnia e apoiando o desenvolvimento coletivo, mas também individual; liderar para gerar o bem-estar nos colaboradores e contribuir para um real work life balance. Ao mesmo tempo, não nos podemos esquecer que os desafios relacionados com as DEI tendem a ser cada vez mais complexos, sendo uma necessidade que as empresas tenham recursos humanos e operacionais capacitados para responderem aos novos desafios.
O certo é que a diversidade, equidade e inclusão devem ser valores comuns a todos, enquanto sociedade, com a consciência que são fatores que potenciam o desenvolvimento como um todo. Com estes valores “enraizados” na cultura passa a ser mais fácil transpô-los (verdadeiramente) para as organizações, sem serem apenas uma questão considerada para o preenchimento de quotas.