A transição para um paradigma energético de baixas emissões de carbono é fundamental no contexto atual, em que a janela temporal para que as alterações no clima se mantenham num patamar suportável é cada vez mais curta. Um dos pilares essenciais para acelerar essa transição é a produção de energia renovável, que vai ganhando crescente protagonismo, à medida que vai amadurecendo na sua eficiência e rentabilidade.
Por um lado, estudos recentes indicam que a energia solar é já a forma mais barata de produzir eletricidade e, à medida que diferentes inovações vão sendo introduzidas na forma como é produzida e gerida, este diferencial de custo e eficiência terá tendência a aumentar. Por outro, embora as turbinas tenham, em média, uma capacidade instalada de 2 MW, uma turbina eólica da última geração para instalações offshore tem uma capacidade acima dos 10 MW e uma taxa superior de eficiência, e estes resultados terão tendência a melhorar, quer na potência máxima quer na eficiência. A complexidade da gestão destes processos aumentou de forma exponencial, passando de um modelo em que a produção era centralizada e gerida de forma fácil para um modelo de produção distribuído e em que existe uma flutuação significativa da produção (Há vento para termos mais produção? Está sol?).
Um outro elemento fundamental da mudança do paradigma energético passa pela entrada dos micro-produtores. Um exemplo simples e próximo – em Portugal, existem 40,000 casas que já têm produção elétrica e ligação à rede, e as baterias para armazenamento doméstico estão a acompanhar esta tendência que é de um claro crescimento, potenciado pela acentuada descida de preço das instalações, mesmo ao nível familiar.
Os operadores da rede terão de gerir esta evolução para atingir um objetivo fundamental – a estabilidade na produção e na disponibilidade para responder à flutuação, que agora se encontra nas duas pontas do espectro – produção e consumo. Já não é suficiente aumentar a produção, que era um processo relativamente simples nas centrais termoelétricas tradicionais de carvão, fuelóleo ou ciclo combinado, porque um momento de aumento de produção nas centrais eólicas ou no solar pode acontecer num período de diminuição da procura, e vice-versa, e há que gerir a sua entrada na rede. E Portugal tem já com alguma regularidade operado por períodos de tempo inteiramente em renováveis para a sua produção elétrica.
A resposta a este conjunto de desafios passa pela tecnologia. Tecnologia essa que tem de ser capaz de obter informação em tempo real das diferentes unidades de produção, renovável e não renovável, mapeá-la para as necessidades também em tempo real, assegurar os seus ciclos de manutenção, proativa e preventiva, e gerir a sua entrada e saída da rede para assegurar a estabilidade. Novas tecnologias, como Internet das Coisas e sensores para transmissão da informação da utilização dos ativos, Inteligência artificial e machine learning para antecipar cenários e melhorar níveis de eficácia, são componentes essenciais de uma solução capaz de responder à complexidade deste desafio.
Este passa pela criação de uma solução que permita uma gestão do portefólio de recursos renováveis, do solar ao eólico e ao hídrico, com um máximo de eficiência e de utilização dos ativos disponíveis. Outra característica intrinsecamente necessária é a escalabilidade da solução, que permita a fácil integração de novos ativos e a otimização da sua utilização. Por último, dada a diversidade sistemas, é essencial que o sistema de gestão seja capaz, por um lado, de interligar-se e obter dados dos mais diversos sistemas, assegurando por outro lado uma ligação biunívoca que permita a sua gestão. O futuro da energia é distribuído, com baixas emissões, integra conceitos novos como o de armazenamento, e irá registar flutuações significativas. A tecnologia é a resposta para tornar esse futuro previsível, gerível e integrado.